sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Subversivo.

*Uma crônica. Real ou fictícia, depende de quem a ler.



Ele sempre foi um exemplo a ser seguido. Romântico ao extremo, do tipo que plantava flores para entrega-las a quem conheçesse. E junto com elas, ia também o seu coração. Seu puro e doce coração.
A cada passo dado, a cada pessoa nova, um novo amor, uma nova paixão. Amava a tudo e a todos intensamente e fazia o possível -até mesmo o impossível- para agradar o mundo. O melhor amigo, o melhor irmão, o melhor...
Ele foi então, percebendo que seus sentimentos eram completamente descartáveis. Que por ser tão generoso, as pessoas começaram a usa-lo como forma de escape para os problemas. Se precisavam chorar, gritar, rir, ele era a companhia ideal. Quando o bem voltava a pairar sobre elas, então o abandonavam.
Foi então que ele começou a ser subversivo e ir contra tudo aquilo que foi desde o início. Começou a andar na contramão da vida e mudar seus hábitos. Começou a beber, a fumar, a se entregar a quem conhecia sem dar em troca nada. Nenhum sentimento, nenhuma piedade. Ele deixou propositalmente que as pessoas moldassem seu novo caráter. Ele se corrompeu e se deixou de lado. Desistiu completamente de ser o melhor para ser apenas, suficiente.
Os sentimentos bons foram substituídos por reciprocidade e aqueles que o amavam foram sendo deixados de lado.
Hoje, ele vive a margem do caos e sem esperança de voltar a ser o que era. Perdeu seu eixo e sua centralidade.
Hoje, ele é apenas mais um na sociedade. Mais um que deixou o amor de lado para se adaptar ao estilo "total flex".
Ele foi contra, principalmente, ao que ele mesmo acreditava.

Por: Elmo Ferrér

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