segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A menina que sabia brincar com as palavras. Parte I


 Com seus cabelos negros e sua pele branca, ela bem que poderia ser personagem de algum livro de contos de fadas ou fazer a branca de neve no teatro. Porém, Ana Priscila era uma grande inventora de histórias. Tinha o dom da comunicação e sempre conseguia tudo o que queria através delas. As sábias e mágicas palavras, que, para quem sabe usar, é um "prato cheio".

           O relógio marcava 04:00hs da madrugada e ele, sentada em frente ao computador, deixava que as palavras expressassem tudo aquilo que sentia. Ela sempre gostou de escrever e de inventar histórias. Desde pequenina.
Recorda-se de um fato: As crianças brincando na rua e ela, sentada na janela de casa, escrevia sobre o que via. Sob os gritos de "sai da janela e vai brincar com as outras crianças" da sua mãe, ela relevava e imaginava. "O mundo poderia começar a acabar e aquelas crianças sairiam correndo desesperadas tentando achar abrigo. O garotinho ruivo seria atingido por um asteróide, a menina gorda ficaria com o pé preso em algum lugar e alguém tentaria salva-la, a menina de tranças começaria a chorar desesperadamente e chamar pela mãe. Nenhum herói apareceria para salvar a vida delas por que estamos falando da vida real e na vida real, heróis não existem."
Um barulho de carro lhe chamou a atenção e logo ela foi a janela para ver se seria alguma perseguição policial, mas era apenas o carro do lixo. Isso a fez sair dos seus pensamentos longinquos e voltar a pensar em terminar o texto. O título da história era "Seja você mesma". Na verdade, ela tinha uma dúvida se seria uma história ou uma crônica. Ou se seria um artigo ou se seria mesmo aquele título. Por fim, ela se "jogou" no teclado do computador e quando deu por si, toda a sua história, todos os seus erros, seus acertos, enfim, sua vida, estava ali, na tela.
- Brincar com palavras é algo perigoso para quem sabe escrever. Elas podem te dominar e serem ainda maiores que você mesma. - disse a anjinha de um lado.
- Nada disso. Escrever é um trunfo e saber contar histórias, uma dádiva. Pense em tudo o que ja consegiu e o que ainda pode conseguir através das suas palavras.- disse a diabinha, do outro.
Ela bate uma palma e as duas somem, com direito a fumacinha e tudo. Bem, pensamentos alheios, o segundo passo é postar a história no seu blog, que por sinal, é completamente fictício. Lá, ela se chama Mauren e tem 30 anos. É rude, decidida e escreve sobre realismo fantástico. Ou seja, histórias que podem ser reais, com pitadas de ficção e virce e versa.
Entendendo melhor a nossa escritora, ela tem 20 anos, mora sozinha numa kit e sobrevive da pensão do pai. Faz faculdade de engenharia (nada a ver com ela mas, foi uma imposição do pai, caso contrário ela perderia a pensão). No fim, para ela tanto faz, ela tem o poder de se colocar em qualquer lugar, por que para cada lugar que frequenta, ela é uma. Na faculdade, ela é Ana, menina meiga e tímida que senta na primeira cadeira e quase não fala com ninguém. No curso de inglês, ela é Alice, menina revoltada e que tem conselhos para tudo. Para algumas pessoas, ela é Carla, está passando um tempo no Brasil e lançando um livro nos EUA. Pra outras, ela é Vitória, casada e que perdeu os pais com 2 anos de idade, morou em um orfanato até os sete e foi adotada por uma familia de Minas. A familia perdeu tudo e foram morar em um acampamento sem-terra, de onde fugiu e se virou sozinha até ter tudo o que tem: um apartamento no bairro mais chique da cidade e sobrevive da herança do marido, que por sinal, era muito rico.
Para o seu namorado, ela disse que sofreu um acidente de carro aos dez anos e ficou em coma por cinco. O que ela não consegue explicar, é como com 20, já está no quarto semestre da faculdade.
Mas as histórias de Priscila são releváveis, ela não conta para fazer mal a alguém. Apenas, as usa como uma maneira de fugir um pouco da realidade, que para ela, é assustadora.
O que aconteceria se um dia todas as suas personagens se encontrassem de alguma forma? Seria o fim? Seria o começo?

continua...





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