sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Ruas- Poetas esquecidos- Final

Rosa vai até o sinal fechado.
ROSA-         Olhem bem... vocês, que estão ai dentro do luxo dos seus carros, vocês que mal sabem o que é passar necessidade, que mal sentem fome, ou, quando sentem, vão a uma lanchonete qualquer e enche o bucho... nós somos artistas, atores, de teatro. Viemos do interior tentar a vida aqui. Vocês sabem o que é isso?
O sinal apita.
         ROSA-         Não sabem. Nem mesmo se importam não é?
Sai de volta ao acostamento.
         LUA-           Alguém jogou dez centavos.
         ROSA-         É o que vale a cultura para eles.
CHICO-        Cultura? Quem te viu ali , não viu cultura Rosa. Viu uma pobre morta de fome que vai encher a barriga com alguma coisa que valha...dez centavos.
LUA-           Quem acha que se come com isso?
CHICO-        Quem não precisa. Quem joga fora não sabe o valor que dez centavos tem.  Acho que um tomate da pra comprar.
ROSA-         A que ponto chegamos...
CHICO-        De que ponto saímos?
LUA-           Ninguém percebe que somos três jovens querendo apenas fazer arte de maneira digna?
CHICO-        Não. Ninguém percebe. Sabe o que eles percebem? Percebem aqueles que estão lá, no mais lindo palco, com a mais linda roupa, a mais linda maquiagem, cobrando caro por algo que muitas vezes eles podem ter de graça.
LUA-           Eles sim, são artistas. Nós somos apenas vagabundos.
ROSA-         Vagabundos.
CHICO-        Vagabundos.
ROSA-         Abriu.
LUA-           Quem vai?
CHICO-        Ninguém. Dessa vez, ninguém vai. Vamos ficar sem ir um tempo. Esse é nosso protesto. Quem sabe alguém sente a nossa falta?
Os três se olham e riem.
TODOS-       Vamos todos.
                  Todos vão ao sinal e fazem uma performance. O sinal toca, os três estatizam e a luz fecha.




quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Artigo de um escritor que não acredita na palavra amor.

 Artigo de um escritor que não acredita na palavra amor.

            Eu acho tão patético esse termo :“amor”. As pessoas usam isso de uma maneira tão ...descartável. Palavra patética. Não. Não me peça para lhe dizer: - Meu bem, vamos tomar um sorvete. Ou quem sabe: - Mô, quê que você sente por mim? Acho isso tão brega, tão cafona. Esses termos literalmente não servem para mim. Não me vejo dizendo isso em nenhuma hipótese. Não sou contra o amor não, como você já deve está pensando. É que vejo a vida por um ponto de vista mais prático. Pra quê dizer tudo isso se no futuro essas palavrinhas medíocres serão completamente banidas do seu vocabulário? Daqui a uns, sei lá, cinco anos, você mal vai olhar na cara da sua mulher. Seus filhos chatos estarão gritando na sala, vão bater um no outro e depois começar a chorar, enquanto você estará na cozinha tentando trocar o gás,  a sua mulher gorda xinga que a panela tava pegando pressão e o feijão vai ficar duro. E então, você olha na cara dela e pensa nas palavrinhas lindas que ela dizia no começo e que hoje, foram substituídas por :  Você não tem dinheiro para nada, as crianças precisam de roupa, eu não tenho tempo para arrumar minhas unhas, tô parecendo um monstro - e realmente está, mas você não fala isso para ela pra não piorar a situação-  dentre outras coisas que não vale a pena registrar.
            Eu sei, você vai ler esse artigo e vai dizer que eu não tenho sensibilidade e que sou pessimista. E sou mesmo. Ah... também, como não? Ora! Não fui criado para esse negócio de amor. Sou fruto da relação daquele casal frustrado do começo da história, que me criaram para ser capitalista, para trabalhar e casar, para viver como eles e ter os filhos que eles tiveram. E eu juro: tentei.
Conheci  uma garota a uns dois anos atrás. Foi numa balada que fui meio à contra gosto com o pessoal da faculdade. Sabe, nunca gostei de balada, de agitação, acho isso tão medíocre. As pessoas vão para a balada para tentar arranjar alguém e saem de lá achando que encontraram a pessoa da sua vida. Mal sabem que essa é apenas mais uma balada e que depois virão outras, e outros. Bem, como dizia, conheci uma garota, Andrea. Achei ela bonita , gostosa... – é sempre tudo a mesma coisa-  claro, como foi minha primeira vez numa balada, achei o que todos acham,  que ela seria a mulher da minha vida. Mas nosso diálogo se restringiu a:
- Qual seu nome?
- Andrea.
- Você vem sempre aqui?
- Sempre!
- E você tem namorado?
- Vamos parar de conversa? Sou puta meu filho. Puta! E ai, vai ou não?
Não, não fui. Quer dizer, fui. Pra casa. Acho que a noite deu o que tinha que dar. No fundo eu queria ter ficado com a Andrea, mas estava duro. É.. eu estava duro e não fiquei com ela. Paciência.
Essa foi a minha última experiência em tentar amar uma mulher. Claro que houve as da infância, adolescência. Mas sempre uma frustração. Sempre fui o patinho feio sabe? Não que deixei de ser, mas hoje, estou mais pra ganso...
Sabe... eu decidi  que não preciso de amor para viver. Preciso apenas de um papel e uma caneta, ou uma máquina. Quando quero sexo pago. Quando quero que alguém me escute, escrevo, e ta tudo bem. Sério. Eu sei que você deve estar pensando que eu sou um revoltado. Não sou não, juro. É que vivo na realidade. Existem duas pessoas em mim. A de fora, é essa que você acabara de conhecer. A de dentro, as pessoas só conhecem por pseudônimo. Muitas pessoas se apaixonam pelas minhas histórias e meus personagens e então, supõem que sou um romântico apaixonado. Mal sabe elas que escritores são assim, uma fusão de várias pessoas, vários sentimentos, gênios incompreendidos...
Mas ,continuo na minha teoria, que no fundo  também é prática: Não acredito nesse negócio que os homens chamam de amor.
Bem, termino aqui. Tocaram a campanhia, deve ser a Andrea. É ela mesma. Volta e meia a gente se encontra para uma noite de...amor.
                                                                                                          M.J 

Ruas- Poetas esquecidos- Parte II

Ao colocá-la no chão, os dois se olham por um tempo.
         CHICO-        Ta com fome?
         ROSA-         Não. Você tá?
         CHICO-        Não.
ROSA-         Você ta sim Chico. Seu olho não mente. Seu corpo não     mente. Tenta ver se consegue algumas moedas no sinal. Explica nossa situação. Alguém deve ajudar. Ontem consegui três reais, hoje que a maré não tá muito pra peixe.
CHICO-        Essa noite sonhei com a mãe. Ela tava usando aquele vestido...de rosas coloridas.
ROSA-         (abre a sacola de plástico cheia de tecidos velhos, tira de lá, um vestido amarrotado). – Esse? Pegamos sem que ela soubesse pra fazer a peça...
CHICO-        Como será que ela tá?
ROSA-         (olhando para Lua)- Cansada...com fome...
LUA-           (levanta, olha os dois. Olha para as flores, ranca uma pétala. Come.)  - De fome não vamos morrer...nunca!
ROSA-         Fechou. Você vai?
CHICO-        Não...
ROSA-         Vai lá...explica nossa situação. Pede por favor, pelo amor de Deus. Fala que estamos aqui a mais de quatro meses, que não temos abrigo, que temos que comer restos. Que muitas vezes reviramos lata de lixo pra ter o que comer...
CHICO-        (cortando, alto)- Não! Não vou. Não vou, ouviu? Se quer vá você mesma. Passo dias e dias nessa merda desse sinal, embaixo de sol quente, de chuva grossa, e nada acontece. Não vê que nada acontece? A fome vem, a força vai, os sonhos morrem, a esperança...
LUA-           E a arte?
CHICO-        A arte? Que arte?
LUA-           A arte de sobreviver a cada dia.
CHICO-        Foi ela que nos trouxe pra essa cidade...
ROSA-         A gente comia arte... Mas, infelizmente, é uma comida que nos saciou por um tempo, mas hoje, mal dá para enganar o estomago.
CHICO-        E de pensar que algum dia alguém disse que a Arte é pra comer. Hoje, eu acho que é para morrer...de fome.
ROSA-         Vou lá. Alguém vai ajudar.
LUA-           Cê ainda acha?
ROSA-         E fazer o quê?

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Ruas- Poetas esquecidos- Parte I


Prólogo:
Barulho de carros, sirenes. Vê-se em cena três personagens. Chico, Lua e Rosa. Vestem roupas coloridas e tem maquiagens borradas. Encostados nas paredes ou deitados no chão, mostram ar de cansaço. Devem segurar flores murchas, fantoche rasgado, descalços. Chico olha pro céu, Rosa pro chão e Lua para as flores.
         CHICO-        Fechou?
         LUA-           Desde que sentamos, cinco vezes.
         CHICO-        E vocês nem para levantar e ir.
ROSA-         Não sei se me falta coragem ou força. Talvez, fé. Estou cansada. Meu corpo pesa. E ele está tão leve... só tem alma.
         LUA-           Vai fechar. Alguém vai?
         CHICO-        Vai você agora. Eu e Rosa fomos os últimos a ir.
         LUA-           Minha esperança morre e nasce a cada três minutos.
         CHICO E ROSA-    Fechou!
Lua sai correndo, para em frente a platéia, observa. Levanta as flores com dificuldade.
LUA-           Flores colhidas do mais belo jardim. Presenteie sua mãe, namorada, noiva, mulher. Toda mulher adora receber flores. Quem não gosta não é? Quem não gosta de um carinho? De ganhar presentes? Quem não gosta?
Lua observa a platéia, vai mudando a feição. Com ar de tristeza, olha para as flores.
LUA-           Estão murchas. Não conseguiram resistir muito tempo. Não ha flor que fique viva por muito tempo sem que esteja plantada ou dentro de um copo d’água. As flores tem vida curta.
Ouve-se o barulho do sinal indicando que será fechado.
LUA-           Em qual jardim fui plantada até ser arrancada bruscamente pelo desejo de não mais ser flor, de não mais querer ficar presa em uma estufa vendo tempo passar? HÁ quanto tempo não sou mais regada...
Abre os braços.
         LUA-           As flores tem vida curta.
Lua deixa o corpo cair. Buzinas de carro. Chico e Rosa correm para retirar Lua do local onde está posicionada.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Quantas coisas...

Quantas coisas eu disse sem querer dizer?
E quantas vezes eu te pedi para ir?
Mas não, você sempre quis ficar.

Você sempre se comportou da maneira mais errada.
Mente, arma, cria sempre sua história.
E eu pergunto: até quando você vai ficar?
Até quando ficará em minha memória?

Um fantasma, um pesadelo sem fim.
Tudo que eu queria era te esquecer
Mas você não sai de mim
Você não quer morrer.
(...)
Ou sou eu quem não quer te matar?

Anjo.


Anjo,
Me da seu sorriso nesta manhã,
Me acorda com um beijo suave
Faz com que eu me sinta vivo.
Traz para mim as flores que plantou
Canta para mim aquela canção
Fica sempre aqui, comigo.
Anjo,
Seu olhar é meu caminho
Sua alma é minha morada
Sua voz é minha música
A canção que me acalenta.
Anjo,
Fica comigo só por hoje
Lê para mim os poemas de amor
Que escreves sempre tão bem.
Anjo,
Me cubra quando estiver dormindo
Me guia na escuridão
Enxuga minhas lágrimas.
Anjo,
Põe doce em minha vida
Me banha com sua chuva prateada
Me ouça, me olhe, me leia.
Anjo,
Sinto muito a sua falta
Preciso de você aqui
Vem me tirar do abandono
Vem velar meu sono.
Anjo,
Vem me fazer dormir.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Novelo.

Aqui estou eu, em pé, olhando o pôr do sol.


Pés na água. Água do mar.

Um passo para frente.

Imagens.

Queria pegar o novelo que se transformou a nossa vida e desenrolar.

Queria dar um ponta para você segurar,

eu, seguraria a outra.

Então, como num compasso bem marcado, começariamos a enrola-lo novamente.

Outro passo para frente.

Enrolaríamos até nos encontrar.

Nessa hora poderia tocar a música que fez parte da nossa vida.

Poderia também chover, chuva é sempre bom. E fazer frio, muito frio.

Faz frio agora. Mais um passo para frente.

Poderíamos nos abraçar. Ou nos estapiar.

Poderíamos falar das mágoas, relembrar os bons tempos.

Poderíamos nos beijar no fim.

Passo para frente.

Poderíamos sair, nos amar,

poderíamos nos despedir e nunca mais se ver.

Poderíamos sair e ficar juntos para sempre.

Um passo para frente.

Você me quer de volta?

Dois passos para frente.

Eu te quero de volta?

Três passos para frente.

Nos amamos ainda? Você me odeia? Você me ama? Eu te amo? Eu te odeio?

Um passo para trás.

Tenho coragem?

E as promessas? E os risos? E os momentos?

Tenho coragem. Dois passos para frente.

Água na cintura. Já posso me afogar? Deixa eu ver o pôr do sol primeiro.

Pensamentos, pensamentos, pensamentos.

Acabou o pôr do sol.

Pensamentos, lágrimas, risos.

Eis as estrelas, eis a lua enorme a surgir na minha frente.

Vou para ela.

Não dei nenhum passo. A água está quase no pescoço. Meu corpo balança com as ondas. Não sinto mais nada. Caimbra.

Quanto tempo passei aqui?

Quanto tempo esperei você aparecer e me pedir para desistir?

Meu corpo balança. A lua me chama. Espero mais um pouco?

Eu cedo.

O mar me leva.

Água, imagens, água, imagens.

O mar me leva, você não veio.

Eu flutuo. A lua se aproxima.

Quando quiser me ver de novo, puxe a linha do novelo.

Estou com uma ponta.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

O embarque. (peça sobre drogas) - Prólogo.

Sinopse:


A peça fala sobre o vício em drogas. Dentro de um vagão de trem, o personagem João é conduzido a uma viagem com destino ao mundo das drogas, onde todos os seus problemas serão esquecidos. Em conflito com os pais, se sente desorientado e seduzido por esse mundo tão fácil e incerto.
A cena se começa dentro do vagão, onde todos os personagens se encontram, e o ritmo muda conforme a música, o que faz a peça ser densa, ágil e cômica ao mesmo tempo.
A peça é uma mostra curta, com cerca de trinta minutos e é encenada por cinco atores.







O EMBARQUE

Prólogo:

A peça começa com cinco atores em cena. Bancos em fila indiana, em sentido vertical. João senta-se ao meio, e os demais personagens nos outros assentos. Esses personagens aparecerão no decorrer da peça. João deve aparentar preocupação e inquietude. Os personagens devem construir ações: ler, ouvir música, comer algo, etc... Inicia-se o violão, tocado baixo.


João- Todas as viagens que fiz na minha vida, sempre tiveram ponto de chegada e de partida. Sempre com destino certo. Mas, na minha vida tudo sempre foi incerto. Muitas vezes desistia antes de chegar na estação, ou, quando chegava, não entrava no vagão. As vezes, não sabia bem que trem pegar. Ou, quando pegava, pedia para parar. Mas desta vez, estou no trem certo. Sei que meu destino está perto.

Musica

Coro- Senhor passageiro

Essa viagem tem destino certo.

Um futuro incerto.

O trem que partiu

Não voltará jamais.

Senhor passageiroEssa viagem é a melhor
Saída, para sua vida.

O trem que partiu

Pode não voltar.

8 x- Voltar...

João- Será que sei pra onde vou? Ou melhor, será que sei quem sou? Todos sempre me desprezaram. Meus pais nunca me escutaram. Meus amigos me deixaramda... nunca ninguém me compreendeu. Estou cansado dessa vida.Já nem sei mais quem sou eu. Quero novidade. Quero sair desta cidade. Quero viajar sem destino, ir pra qualquer lugar, onde não exista a realidade. Quero fugir da realidade.

musica

Coro- Vamos fugir,

Pra onde haja um tobogã

Onde a gente escorregue.

Qualquer outro lugar comum

ou um lugar qualquer.

Qualquer outro lugar ao sol

Outro lugar ao sul.

Pra onde todos os seus problemas

Possam ser esquecidos.

Pra onde todos os seus medos

Possam ser vencidos.

Pra um lugar desconhecido

Onde terás abrigo,

Pense logo

Pense agora

Sem demora...

Vamos fugir?

João- Não! Acho melhor descer na próxima parada. Na casa dos meus pais tenho comida e roupa lavada. Ah...incerteza, incerteza, incerteza. E no peito essa enorme tristeza. O trem parou. Meu destino chegou. E agora, Pra onde vou?

musica

Coro- Procure um lugar

para se encostar

Aceite de tudo

que possam te dar.

Tenha atitude

Nunca diga não.

Não ande no certo

ande na contramão .

Não seja careta

Tenha atitude.

Aceite tudo que eles vão te dar

Aceite tudo que a vida lhe dá.

Beba tudo, fume tudo, use tudo

Que eles vão te dar...

Aceite tudo, use tudo

Que a vida te dá...

Que a vida te dá

Que a vida te dá...



No fim da canção, os personagens pegam os bancos e saem. Dois atores colocam cada um, um banco ao lado do banco de João, de maneira que João fique no meio.

Fim do prólogo.

Te amo- Vanessa da Mata

Mas o pior não é não conseguir


É desistir de tentar

Não acredite no que eles dizem

Perceba o medo de amar

Eu cresci ouvindo anedotas, clichês e chacotas, frustrações

Sobre amasiar, se casar, se entregar seria fraquejar

Te amo, Te amo, Te amo

Te amo, Te amo, Te amo

E se o tempo levar você, e um dia eu te olhar e não te reconhecer

E se o romance se desconstruir, perder o sentido e me esquecer por ai

Mas nós somos um quadro de Klimt, O beijo para sempre, fagulhando em cores

Resistindo a tudo seremos dois velhos felizes de mãos dadas numa tarde de sol

Pra sempre

Te amo, te amo, te amo

Te amo, te amo, te amo

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Rotina.

Ela estava em casa entre livros e cds. Seu era mundo pequeno, vazio, fechado... Perdera os pais quando criança e desde então, se tornou dona de si. Não tinha ninguém.
Todos os dias saia de casa para trabalhar como carimbadora numa empresa. E era só o que fazia. Acordava cedo, preparava seu café, saia de casa sempre na mesma hora, andava sempre pela mesma rua, pegava sempre o mesmo ônibus, cumprimentava sempre as mesma pessoas e,ao chegar ao trabalho, carimbava,carimbava, carimbava e após carimbar o dia inteiro, ia para casa, seu pequeno mundo...
Um dia, após um exaustivo dia de trabalho, chegou em casa, colocou o mesmo cd de sempre e, enquanto tomava seu banho quente - aliás, sempre quente mesmo em dias de calor insuportável - pensou :
- E se eu fizesse tudo diferente? E se eu tomasse chá ao invés de café? E se eu andasse pela rua de baixo? E se eu pegasse outro ônibus? E se eu não mais carimbasse? E se...
Ela limpou o vidro embaçado do banheiro e se olhou dentro dos olhos. Cortou os cabelos, passou maquiagem, colocou um vestido vermelho que ganhou em um amigo oculto do ano retrasado e saiu.
A partir daquele dia, a rotina dela mudou. Passou a acordar 7 minutos mais tarde, passou a tomar chá toda manhã, passou a andar pela rua de baixo, a tomar banho frio, a pegar o ônibus 657 em vez do 655, trocou de função, agora é xerocadora, ouve outro Cd.
É...finalmente ela saiu da rotina!

Adorei este texto...tudo a ver!

Muitas vezes as pessoas que mais amamos, são as que conseguem nos machucar da pior maneira possível..




Preserve-se. Proteja-se.



Saiba aproveitar o que as pessoas têm de melhor. E saiba desviar do que é ruim..

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Escritor, eu?

Quero agradecer a todos que me visitam no Recanto das Letras. Quando começei a colocar meus textos lá, foi sem qualquer pretensão. Hoje, ultrapasso 15.000 leituras e recebo comentários por e-mail e solicitação de textos por várias companhias de teatro do Brasil.
Tem alguns textos lá, que são super mal escritos, rss... Sempre falo que sou apenas um aprendiz de escritor, que brinco disso, que é apenas um hobby. E é. Mas claro, procuro a perfeição sempre e quero escrever cada vez mais e melhor. Agora, tenho um público ativo e cativo...
A peça " 6 na Berlinda", é uma das peças mais lidas, mais comentadas e mais solicitadas. Não entendo o por quê... acho que não é um dos meus melhores textos. Mas o povo gostou, então, obrigado!!!

Prova disso, é que o texto foi montado por um grupo do Mato Grosso do Sul. Ver link:
http://www.msja.com.br/noticias/entretenimento/teatro-municipal-tem-programacao-cultural-nesta-quarta-feira


E fuçando no google, descobri que já foi montado no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul.
 
Bem... agradeço muito a todos aqueles que admiram meu trabalho, prestam atenção no que escrevo...
 
Agradeço ao grupo "Quebrando o gelo" de Brasília, por montar algumas esquetes minhas no espetáculo "Cotidiano". Ao grupo Icambalacho, por montar "Caras do Brasil", ao Grupo do corpo de Bombeiros de Montes Claros, por montar alguns textos meus também... Ah, claro, a Hellen, por transformar o poema "Memória" em canção.
 
No mais, é isso. Agradeço aos que me visitam sempre e incentivam o meu trabalho.
 
Há alguns meses atrás, recebi um e-mail de uma pessoa dizendo que meu blog é uma porcaria...
Acho que não preciso falar mais nada...
 
Elmo Ferrér

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

A suprema felicidade...

A suprema felicidade é te esperar.
É você marcar as cinco e te esperar desde as duas.
É ver você chegar...

É ver você sorrir
Ver você acordar.

É saber que você existe e passar a existir a partir daí.

A suprema felicidade é saber que com você o meu mundo fica completo.
É saber que você sim, veio para fazer a diferença.
Veio trazer o sol.

A suprema felicidade é você, meu amor...

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Viva a diferença!!!

O preoconceito no Brasil e no mundo está crescendo tanto, a ponto de algumas pessoas simplesmente espancarem os gays em praça pública. A falta de respeito e aceitação as diferenças estão chegando a pontos drásticos, que na verdade, sempre foram previsíveis.
O que vemos a cada dia, são pessoas querendo impor a sua opinião, sua maneira de pensar e na maioria das vezes, passando por cima do direito de ir e vir de cada ser humano.
Somos todos filhos de Deus e merecemos respeito, principalmente pelo fato de sermos diferentes. É isso que faz tudo ser tão bom, tão gostoso. A diferença é necessária para que possamos sobreviver. Vivemos em um mundo onde muitos brigam para que sejamos iguais, quando na verdade, temos mesmo é que ser diferentes. É como aquela frase piegas: "o que seria do vermelho se todos gostassem do azul?".
Será que algumas pessoas querem que andemos pelas ruas como se tivessemos saido de uma fábrica? Será que deve existir um critério?
Todos os homens devem ser musculosos, usar regatas, andar com os braços semi-abertos, cabelos espetados no gel e claro, cantar todas a mulheres que passarem na rua. Melhor: usando termos como: gostosa, delícia e, dependendo de como andarem as coisas daqui para frente, de jaca, goiaba, maçã e outras frutas.
As mulheres devem ser loiras, gostosas. Devem usar salto e serem fáceis. Esse é o padrão. Ah, claro, devem escolher uma fruta como sobrenome.

Magrelos, negros, gays, gordos... todos os "naturais", são banidos desse critério.

Onde está o respeito? A aceitação ao novo, ao diferente? Que direito uma pessoa tem de bater em alguém por este ser diferente? E se você tem o direito de me bater por ser diferente, eu não devo ter direito a ser diferente?
Muito se fala em fim de mundo, com o sol queimando todos, o mar afogando todos e pessoas morrendo de sede. Mas não. Os seres humanos estão chegando a um nível de desrespeito tão grande, que nada disso será necessário para que cheguemos a um "The end". Basta continuar como está.

Elmo Ferrér

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Árvore.

Quando plantei aquela árvore dentro de mim, a reguei com todo cuidado.
O que brotava era sempre sentimento. Ruim ou bom, tudo que ela me dava, era sentimento.
Alguns, cairam pelo chão, secaram ao sol, viraram sementes...

Podei. Reguei. Colhi.

Tudo que a árvore me deu, eu recebi. Alguns frutos eu apenas dei...
Outros, eu joguei fora.

Mas percebi, que os que reservei para você... esses apodreceram.
Quando fui vê-los, elas estavam murchos. Sem suco, sem nada.

Mas eis que encontrei sementes. E não sei se devo planta-las novamente.
Não sei se as próximas árvores que virão, me darão bons frutos.
Tenho medo de planta-los.

Minha árvore está aqui ainda. A estação é outono.
As folhas cairam, algumas estão ainda amarelas.

Não sei se me dará frutos.
Mas sei que os que eram seus... esses secaram, murcharam, apodreceram...

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Espaços fechados.

A Rede Globo de televisão está enfrentando um grande problema: atores estão deixando a emissora na mão, faltando a compromissos profissionais e pedindo dispensa de trabalhos. Aconteceu com Fábio Assunção, Ana Paula Arósio e outros, que passaram para a Record. O mais engraçado é que, enquanto estavam na globo, alguns atores sequer eram lembrados pela emissora e depois que sairam e foram para a Record, estão retornando. Prova disso é Gabriel Braga Nunes, que fez muito sucesso na Record e agora é vilão da próxima novela das oito. Antes disso, o galã Marcio Garcia foi tirado da Record pela globo e ganhou um péssimo papel em Caminhos da India.
Bem, o que eu tenho a dizer sobre tudo isso? Que a globo merece. É uma emissora que,diga-se de passagem, coloca você, enquanto ator, apresentador etc... em grande evidência, porém, quando não lhes serve mais, são esquecidos pela emissora e destinados a fazerem pontar em programas Uó, como Zorra total e Turma do Didi, por exemplo.
A globo precisa dar mais oportunidades para atores iniciantes, acreditar mais ainda no potencial de quem estuda para isso e não, de quem mostra a bunda e no dia seguinte já está na próxima novela.

Enquanto existirem pessoas capacitadas sendo desprezadas pelas redes de tv e perdendo espaço para as mulheres frutas e tudo mais, a televisão brasileira só tem a cair em qualidade e profissionalismo.

Falei!

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Em Dezembro: Cotidiano.


Estreia dia 17 de Dezembro, em Planaltina, mas precisamente no teatro da administração, a comédia: COTIDIANO. Da Cia. Quebrando o gelo.

COTIDIANO é um conjunto de esquetes que retratam o dia a dia de maneira cômica e bem representada pelos atores. A direção é de Renato Telles e no elenco estão grandes nomes.

Vale a pena conferir.

COTIDIANO.

Dias 17, 18 e 19 de Dezembro.
Teatro da administração de Planaltina-DF
R$: 5,00

***em tempo:  Haverá uma esquete dessa pessoa aqui no espetáculo.

Beijos!

Sim, ainda existo...

Oiii.

Vim aqui dar satisfações ao povo que me cobra que não posto nada no blog.

É que é fim de semestre e as coisas começam a pegar para quem estuda, sabes??? Tenho mil trabalhos para entregar na faculdade, duas apresentações de teatro, uma de dança, sem contar que fui contratado por uma grande Cia. de Teatro para construir um texto para eles e estou até aqui de trabalho.

Mas daqui a uns dias tudo volta ao normal. Dia 16 acaba as aulas, dia 26 viajo para Salvador e terei grandes textos e novidades para contar.

Ainda nesse meio corriqueiro, ainda preparo meu matrimônio celta... (sim, celta!) Sempre sonhei. Mas isso é outros quinhentos.

Beijos e até logo!

terça-feira, 23 de novembro de 2010

No forró.

Esquete cômica para duas pessoas.

Escrita por: Elmo Ferrér



A cena escura, ouve-se um forró. A luz abre e vê-se dois atores, em lados opostos. De um lado, Josivaldo e do outro, Vandercléia. Os dois vão dançando até se encontrar no meio da cena.



Josivaldo- Ei!! Vandercléia!

Vandercléia- Josivaldo!!

Josivaldo- E ai menina? O que manda?

Vandercléia- Ah menino, o mesmo de sempre né? E você?

Josivaldo- Ah, mesmo de sempre também.

Vandercléia- E ai? Terminou os estudo?

Josivaldo- Terminei minha filha! Decidi que quero estudar mais não, é muito cansante trabalhar de dia e estudar de noite. Da não amada! Terminei na 6° mermo!

Vandercléia- Eu também parei total. Agora que resolvi ter uma vida digna né, com duas criança pra cuidar. Não dá pra continuar na escola.

Josivaldo- Pois é. E o Fabinho?

Vandercléia- Quem? Ah. Já fez a passagem meu amor. Agora tô com Rosiberto. Lembra dele?

Josivaldo- Lembro sim. Aquele que te assaltou né?

Vandercléia- Foi amor a primeira vista menino. Quando aquele negão apareceu no beco e mandou eu encostar na parede...menino. eu vi a glória!

Josivaldo- Eu que não dou sorte de ser assaltado por um negão desses. Mas, ele não tava preso?

Vandercléia- Pegou uma condicional menino. Nem te conto. Quer casar comigo e tudo mais.

Josivaldo- Ai amiga... meu sonho, casar de véu e grinalda. Menina, cê tá podendo né?

Vandercléia- Ô, toda noite meu filho...Resolvi sair daquela vida sabe? Rodar bolsa nunca mais. É muito difícil. E nem sempre a bolsa combinava com o sapato, com a maquilagem... e você? Desistiu de ser travesti?

Josivaldo- Não desisti coisa nenhuma. Passei por uns perrengues ai mas já to saindo.

Vandercléia- Como é mermo seu nome de traveco?

Josivaldo- Lady dei. Tô com quase tudo pra arrasar nos forró meu bem. Já comprei o cabelo, lente, salto e...olha só...- levanta a blusa-

Vandercléia- Menino. Você conseguiu colocar o silicone?

Josivaldo- Só o direito né? Mas mês que vem compro o outro.

Vandercléia- Ai amigo...cê merece? Nossa, mas eu adoro essa banda. Os “calcinha de plástico” são tudo né?

Josivaldo- Se são menina.

Vandercléia- E a Marioneide?

Josivaldo- Topei com ela semana passada. Tá magra, careca, radicalizou. Disse que tá fazendo quimioterapia.

Vandercléia- Pelo menos uma de nós conseguiu fazer faculdade né?

Josivaldo- Pois é! E ficou sabendo da Shirley?

Vandercléia- Fiquei menino. Coisa horrível né?

Josivaldo- Pois é menina. Acordou morta. Toda retalhada, com o corpo dividido em dez pedaços, dentro de um saco lá na represa.

Vandercléia- Eu acho que ela se matou sabia?

Josivaldo- Também acho amiga. Ela tava tão pra baixo...

Vandercléia- Olhe...semana que vem é aniversário de Rosiberto, vou fazer uma besteirinha lá em casa, aparece por lá.

Josivaldo- E tem que levar bebida?

Vandercléia- Só se quiser. Olhe, vai ter tudo que você gosta. Mela cueca, pau na cocha e vaca atolada.

Josivaldo- Adoro!! Cê vai chamar a Rita?

Vandercléia- Tu tá doido? Agora é tá metida com macumba menino. Fiquei sabendo que ela fez uma macumba pra Rosi que a bichinha ta mancando das duas pernas e a cara entortou.

Josivaldo- Credo!

Vandercléia- Vou indo. Aparece lá na casa que trabalho. To lá diariamente, as terças e quintas.

Josivaldo- Apareço sim. E seus filho, ficaram com quem?

Vandercléia- Com a vizinha.

Josivaldo- Menina, tava pensando... como é engraçado. Veja só. Você rodava bolsa né? Daí você engravidou de um cara que trabalhava na bolsa e hoje, você depende da bolsa para sobreviver.

Vandercléia- Da bolsa?

Josivaldo- É menina. Da bolsa família, bolsa escola...

Vandercléia- É mermo. Pelo menos teve algumas vantagem botar filho no mundo.

A música aumenta.

Josivaldo- Menina. Essa musica é tudo, vamos dançar.

Vandercléia- Já é!



Os dois dançam até a luz baixar.

domingo, 21 de novembro de 2010

A guerra acabou...

Escrevo esta carta para deixar a seguinte mensagem: Chega de guerra. Não dá mais.


É difícil parar de guerrear, acredito que esse ainda era o motivo de ainda lembramos um do outro, uma vez que não há mais amor, nem respeito, nem amizade.

Reconhecer o fim de uma guerra, é reconhecer o fim. A guerra e a graça acabaram. Não há mais espaço para o ódio, nem a mágoa, nem as lembranças ruins, tal qual as boas. Simplesmente a guerra acabou e os destroços já foram varridos pelo tempo.

A partir do momento que alguém morre dentro da gente, ela morre, tanto nas lembranças boas, tanto nas más. Tanto no amor, quanto na guerra.

Somos físico e espírito. Grandes almas em busca de grandes coisas. Cada um do seu jeito.

Deixar de guerrear é reconhecer que nada mais existe, nem ódio, nem amor. Nada.

Enquanto te amei, você viveu dentro de mim.

Enquanto te odiei,também.

Porém, hoje, não mais vive em mim, o que não justifica ter qualquer tipo de sentimento.

Hoje, quero apenas viver e quero que viva, cada dia mais e melhor.

Não há como desejar-lhe mal, afinal, como a gente deseja mal a alguém que a gente não sente nada?

Percebi com o tempo, que remoer todas as coisas ruins que me fez e ter ódio, não vai mudar nada. Não mudará seu caráter, nem ao menos fará com que voltemos a nos encontrar. Aliás, esse é meu último desejo, o encontro.

Quero mesmo que seja feliz, do fundo do meu coração. Sem mágoas e sem receios. A guerra acabou, estamos livres. Neste campo de batalhas, não há culpados nem inocentes, não há enganado e enganadores, nem mesmo pessoas más ou boas. O que há de verdade, são palavras que ficaram pela metade e um fim que nunca aconteceu. Quem falou a verdade? Quem fez mal a quem? Isso é uma incógnita. Acredito que jamais será desvendada, uma vez que o fim chegou.

Procurei ontem, em meio a CDS, livros ou qualquer coisa que podesse me lembrar você algum tipo de recordação. Não encontrei. Foi isso que me fez perceber que não há mais nada. Se eu queria ainda sentir algo? Não sei. Mas o que sei, o que realmente tenho certeza, é o que restou em mim foi apenas o desejo do melhor, para ambas as partes.

Seja eternamente feliz com a certeza que a guerra acabou, se um dia ela realmente começou. Se amanhã nos encontrarmos e eu não olhar para você, não é por que te odeio, apenas por que não te conheço. Voltei ao zero, ao início antes de te conhecer. Prefiro deixar a verdade nas mãos de Deus e as mentiras na consciência de quem as inventou.



Vivamos!!!!

sábado, 20 de novembro de 2010

Dois apaixonados embaixo de uma nuvem de pétalas.

Ele então a olhou nos olhos, ficou assim por um tempo.
Ele dorme e acorda vendo em sua frente apenas o brilho dos olhos dela.

Um dia, embaixo de uma nuvem feita de pétalas das rosas mais perfumadas do mundo, eles trocaram juras de amor. Então choveu. Pétalas brancas envolvem seus corpos e eles então se beijam.

O vento que corre por aquele lugar chama-se amor. Infinito amor.O chão que pisam chama-se sorte.
Eles se amam, se desejam. O jardim cresce em volta deles.

Então, chove. Chuva de pétalas.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O masoquista e o fugitivo.

Não gosto muito de postar coisas de outros, mas, essa música de Vanessa da Mata merece...

Faz parte do CD- bicicletas, bolos e outras alegrias. Esse novo cd dela tá tudo gente. Se você quer acordar e dormir bem (ao lado da pessoa amada principalmente) esse CD é perfect!!!!



Há gente que escolhe sorrir


Há gente que escolhe chorar

Você escolheu a segunda opção

E eu escolhi sair

Não gosto de masoquismos

Eu prefiro me divertir

A nossa relação tem tudo pra não dar certo

Você só quer perder

E nada que fica assim pode vencer

Eu insisto em ser feliz

Mesmo que minhas condições me testem

Eu insisto em ser maior

Pra está sempre melhor

Há gente que escolhe sorrir

Há gente que escolhe chorar

Você escolheu a segunda opção

E eu escolhi sair (lalala)

Não gosto de masoquismos

Eu prefiro me divertir

Pois vá diante, que eu vou adiante

E assim quem sabe,

Você chorando será do jeito seu, completo (2x)

domingo, 14 de novembro de 2010

Caçadores de estrelas cadentes.


Quem passa pelo semáforo da rodoviária e vê os vendedores de bala, nem ao menos imagina as histórias que eles tem para contar.
Há algum tempo venho observando um menino magrinho, bem frágil, de mais ou menos dez anos de idade.
Ele espera os carros pararem, vai lá e vende suas balas de menta. Faz isso todos os dias, das duas até as oito da noite.
Confesso que este menino me instiga... como será que ele vive? Onde? Com quem?
Percebo também que este menino, sempre que o sinal está fechado, senta-se num cantinho, pega um livro e folheia, maravilhado.
Não mais me contendo de curiosidade, vou até ele e, antes que eu possa dizer qualquer coisa, ele vem correndo com o livro na mão e diz:
 - Moço, pode ler essa história para mim?
- Não sabe ler? - pergunto.
- Não moço, sei não. Nem sei o que é escola. De manhã cato papelão com meu pai e de tarde venho pra cá vender bala. Não tenho tempo pra estudar.
- Mas...sua mãe não trabalha? Ela não pode deixar você fora da escola.
- Ela tem um filho de colo, tem que cuidar dele. Espera um pouco seu moço, o sinal fechou.

O menino sai correndo, batendo de carro em carro. Eu, fico a observar e penso como pode uma criança viver assim, sem direito a educação. A partir de hoje, prometo para mim mesmo: ensinarei esse menino a ler e a escrever. Mas como? Se nem eu sei. Não sei, mas vou.

Todos os dias, quando o menino saia do "serviço", sentavámos na grama e o céu cheio de estrelas era nossa luminária. Volta e meia, estrelas caiam. Eu, percebi que esse menino, que chama-se João, sempre fechava os olhos com bastante força quando uma estrela caia. Perguntei a ele o que ele pedia a elas, ele disse que não podia dizer, mas que sempre pede e nunca consegue.

-A vontade que tenho é ir atrás de cada uma delas, saber onde elas caem e perguntar por que elas nunca me ouvem.- disse ele.
- Então, vamos fazer o seguinte. Nós vamos atrás dessas estrelas, vamos apanhar uma por uma. Você vai guarda-las contigo e só as soltará quando elas resolverem atender aos seus pedidos.
- Mas como tio? Não tem como. Elas devem ser bem pesadas e teremos que andar muito. Elas caem muito longe.
-Não precisaremos andar muito para encontra-las. Aliás, nem precisaremos sair daqui. Você vai buscar essas estrelas dentro de você. Dentro da sua imaginação. Vou lhe contar a história do menino que caçava estrelas. Você só precisará fechar os olhos e ser esse menino, ta bom?
- Ta bom tio. Mas pode ser amanhã? Já ta tarde.
- É, sua mãe deve estar preocupada.
- Não... ela não se preocupa. É que preciso levar o dinheiro das balas de hoje, senão vou apanhar. Até amanhã tio!
-Até amanhã João...

Esse menino tem estrelas nos olhos. A partir de hoje, esse será meu desafio. Fazer com que esse menino encontre cada estrela cadente a qual ele fez um pedido. E realiza-los.
Esse menino me encanta. Esse menino não é nada além que a extensão da minha alma. Esse menino sou eu.

"Dizem que as estrelas cadentes podem realizar desejos... E se eu pedir a uma delas que eu vire uma pequena estrela, brilhante? Será que conseguirei realizar tal façanha?"
 
***Caçadores de estrelas cadentes é uma peça teatral infanto juvenil que estou escrevendo e que estreia em 2011.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Ele e Ela

Ela disse que o amava.
Ele acreditou.
Ela disse que queria viver com ele para sempre.
Ele acreditou.
Ela mentia sempre e ele sempre acreditava.
Acreditava, não apenas por confiar nela, mas, por estar enfeitiçado com sua maneira de saber agradar.
Ele não imaginava que ela falava isso para todos os homens.
Ele não imaginava que fosse apenas mais um.
E como num caminho sem fim, as mentiras seguiam.
E tudo que começou com uma mentira, acabou com uma mentira.
Ela mentiu, inventou e ele, bobo, ainda chegou a acreditar que tivesse realmente culpa, de tanto que ela o convenceu a acreditar nisso.
Mas ele percebeu que também mentiu o tempo inteiro. Mentiu para ele mesmo quando resolveu acreditar nela.
Descumpriu a promessa que fez para si, de que nunca mais se deixaria enganar.
Hoje, eles tem vidas opostas.
Ele esta feliz e se realizando com alguém que realmente foi preparada para ele, alguém que tem alma boa, que ama de verdade.
Ela, esta com mais alguém, que pode ser para sempre, ou pode ser mais um, mas que certamente é resultado de mais uma mentira.
Ele e Ela não se falam nem se vêem mais.
Para ele, tudo que ele mais desejou e deseja, nunca mais vê-la.

*essa história será o pano de fundo para o livro: Preston.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Urnas!

Podemos ouvir todos os lados, todas as versões, mentiras e verdades, acusações, absovições,denúncias com e sem fundamento.
Planos, propostas, promessas...
Vimos grandes palavras, grandes propagandas. Vimos um campo de guerra se formar e o Brasil, se dividir.
Vimos candidatas despreparadas assumindo posições para quais são incapacitadas , só para encubrir erros dos maridos.
Vimos a justiça funcionar e a ficha limpa "limpar", literalmente, algumas maçãs podres do quintal.
Vimos,ouvimos, debatemos, repudiamos, amamos e odiamos.
Agora, é a hora de mostrar nas urnas que somos um povo capaz de analisar e julgar o que acreditamos ser bom para nossa nação. É hora decidir.
Neste domingo, vote consciente.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Espelho,espelho meu...

- Espelho, espelho meu, existe alguém mais linda que eu?
-Claro que sim!
-Como assim claro que sim?
- Meu bem, acorda! Você tá no século XXI. Hoje em dia só é feia quem quer. Hoje, qualquer uma pode ter botox, silicone, megahair, lente de contato...
- Droga! Quantas maçãs terei que envenenar para acabar com as concorrentes?
- Nenhuma querida! Esse lance de fruta virou uma revolução! Tem mulher-pêra, melão, amora, banana, ameixa, melancia, maçã.... Isso não vai colar, não mesmo.
- Então vou ter que partir para o plano B, mandar rancar o coração de cada uma.
- Acho meio difícil. Daí que se penetre toda a camada de silicone...
- Que merda. Como é difícil ser madrasta de conto de fadas nesse país! Até quando vou ter que me contentar apenas com a Branca de Neve?
-Até nunca meu bem. Ela agora não é mais branca! Tá toda bronzeada, com marquinha e tudo. Vai até posar pelada...
- É...acho que estou meio atrasada! Se eu soubesse que iria seer tudo assim, não iria fazer feitiço para ser linda!
-É... melhor fazer uma plástica.

sábado, 16 de outubro de 2010

Nós...


Um vilarejo a beira-mar, um mirante abandonado, sonhos, angústias, amizade, amor.
Lipe e Rafa se conheçem aos oito anos de idade e a partir de então, começa uma linda amizade.
O mirante é o ponto de encontro para as confidências.
Eles crescem e aos dezoito anos, os sonhos já não são mais os mesmos, os problemas também.
O desejo de Rafa é ir embora, conhecer o mundo, sair daquele vilarejo de tanta gente sem esperança de futuro. O desejo de Lipe, é apenas ter o melhor amigo por perto, sempre.
A amizade até então inabalável se modifica e, o sentimento de companheirismo dá lugar as confusões sentimentais e a descoberta do primeiro amor.
Aos 35 anos, Lipe, do mirante, olha o mar...lembranças, apenas lembranças restaram.

Nós... um peça poética, encantadora, delicada.
E a questão que fica: Todo tipo de amor vale a pena?

Com Elmo Ferrér e Laídison Peixoto.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Dentes e votos.

- Quando que eu posso pegar minha dentadura?
-Calma, eu ainda nem ganhei.
- Mas isso não é errado seu moço? O senhor já é vereador da minha cidade, eu votei em você na última eleição...eu não deveria ganhar a dentadura só se o senhor ganhar a eleição pra deputado não.
- Mas da última vez eu te dei os óculos não dei?
-É...deu. Mas o que eu queria mesmo é a dentadura.
- Olhe, vamos fazer o seguinte, a cada voto que você conseguir eu te dou um dente, pronto.
- E quantos dentes tem uma boca?
- Não me faça pergunta difícil. Faça isso, consiga voto que eu consigo dente.
- E se faltar um voto, vai ficar faltando um dente?
- Paciência... melhor não ter um do que faltar todos. E então?
- Fechado!
O candidato não ganhou, mas o seu João apareceu com uma boca linda dias depois. Como?
- Uai. Pra cada candidato que prometi meu voto, pedi um dente. Agora sei que temos 32 dentes na boca, montei minha dentadura e votei nulo. Eles pensam que só eles podem nos enganar...engano deles!

domingo, 10 de outubro de 2010

Preston- Dia de nada.

 Dia nublado, meu café amargo me espera. Dor de cabeça, vontade de mandar um foda-se pra tudo.  E assim eu vou. All Star surrado, rasgado. Fone no ouvido, Pink Floyd me diz: "Big man, pig man, ha ha charade you are." É isso mesmo. Grande porco. Que se dane. Minha calça jeans rasga a cada passo. Minha camiseta já não é branca há um tempo. E dai? Hoje não quero nada. Não tô afim de nada. Vou sair por ai, vou sentar na grama seca da torre de tv, enrolar meu back e observar esse céu cinza. Só isso, nada mais. Tem dias que você não quer nada, não quer fazer nada e pronto. Tem dias que ninguém quer nada com você, que a vida manda um foda-se bem grande na sua cara e você aceita. Um dia, você revida. Foda-se pro mundo, pra tudo. Quero só sentar, tragar, soltar, observar. Hoje é um dia de nada.

Por Preston Wils.

sábado, 2 de outubro de 2010

Memória.

As palavras o vento leva. A memória não.
Memória fica, atormenta, angustia, doi.
É ela. É sempre ela quem fica.
E parece que quanto mais pedimos que se afaste, mais ela se aproxima.
Ela volta com os olhos cheios de promessas incumpridas.
Ela volta com o sorisso calmo e enganador.
Ela volta, sempre volta.
Quando você menos espera,
quando você menos quer.
Quando você acredita que a perdeu. Quando você grita para o seu interior,
ela responde.
Quando você chora de tristeza, é ela o olho d'agua que percorre todos os afluentes da sua alma.
Quando você fala baixinho, é  ela quem está ali, te ouvindo.
Quando você se sente só, ela te acompanha.
Quando você deseja o pior, ela se transforma em momentos bons.
Ela sempre te segue.  É ela quem decide quando vai, se vai.
Ela não é sua. Ela  tem um dono.
Ela é do tempo. Juntos, eles determinam tudo.
E mesmo que o tempo a leve,
você nunca saberá quando ele resolverá trazê-la de volta.
Só resta sentar, deitar, andar, esperar.
O dia que ela irá.
O dia  que ela voltará.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A mandinga.

-É o seguinte; numa noite de lua cheia vá a um brejo que seja bem afastado. Pegue o primeiro que aparecer.
- Mas, e se eu pegar uma sapa em vez de sapo?
- Não importa minha filha, o que importa é ser anfíbio. Sapo, rã, perereca, não importa. Se pular e fizer "coach", pegue. Não pense duas vezes.
- Certo. Então eu pego o sapo, perereca, rã ou sei lá o quê, e depois?
- Leve pra sua casa. Escreva o nome do seu amado em um papel branco, virgem.
- Uma dúvida! Enquanto eu estiver escrevendo no papel, o que acontece com o sapo?
- Ele pode ficar assistindo televisão. Ora minha filha, isso é pergunta que se faça? É claro que o sapo vai ficar lá na caixa dele esperando a hora. Não me faz pergunta besta. Então, escreva o nome do dito cujo...
- Roberto!
- Oi?
- Roberto. O nome dele.
- Ah, não importa. Escreva o nome no papel virgem. Depois dobre sete vezes e coloque na boca do sapo.
- Uma dúvida!
- Meu saco...
- Você não foi clara minha senhora. Como é que eu faço pro sapo abrir a boca? Não é assim, chegando, abrindo e pronto. Tem que ter uma técnica, não tem?
- Na verdade tem. Coloque papinha numa colher e faça aviãozinho pro sapo. Daí, quando você disser que o avião vai pousar ele abre a boca, você segura o maxilar dele com força e joga o papel.
- Sei...e a calçinha?
- Tudo junto. Calcinha e papel. Calcinha enrolada no papel, calcinha primeiro, papel depoís, não importa. Você decide na hora ta?
- Um... eu ainda tô pensando como vou abrir a boca desse sapo!
- Olhe, a técnica para abrir a boca do sapo você desenvolve depois ta bom? No panfleto que você recebeu diz que trago seu amado em sete dias e não que eu dou consultoria sobre sapos. Após colocar tudo na boca dele, costure.
- O quê?
- A boca do sapo!
- Ah!
- Então, pegue o sapo, enterre em frente a casa do dito cujo e diga: " Assim como eu costurei seu nome na boca deste sapo, você ficará costurado a mim por toda vida."
- Por toda a vida é? E se um dia eu não quiser mais ficar com ele?
- Você volta aqui que passo outra mandinga para ele deixar de gostar de você.
- Ah ta! Vamos pensar em hipóteses. Se caso, quando eu estiver enterrando o sapo, alguém acorda?
- Quê que tem?
- Como quê que tem minha senhora? O que eu faço? Vou ficar lá, com o sapo na mão, ajoelhada, com cara de pata?
- Se vire.
- Me viro e vou embora?
- Não. Se vire de se virar mesmo. Isso não é problema meu. Minha função é ensinar a mandinga, já disse. Não dá para ensinar como você vai lidar com os improvisos. Daqui a pouco você vai querer que eu vá junto.
- Não seria uma má idéia.
- Bem, a consulta já deu o que tinha que dá. São R$ 250,00.
- Não tem desconto?
- Não.
- Eu espero passar os sete dias e volto aqui né?
- Pra quê?
- Ué. A Senhora disse que trazia ele em sete dias. Se a senhora vai trazer, não vai ser pra cá? Ou a senhora manda entregar?
- Faz o seguinte minha querida. Vai mais atrás do sapo não. Pegue o papel, a calicinha e tudo mais e coloque na sua boca. Depois costure, vá pro...sei lá...elevador lacerda, e fique lá esperando.
- E ele vai até lá?
- Vai, vai sim. Agora, passar bem.

A falsa vidente observa pela janela a mulher se afastando. E então, pensa: " É por essas e outras que não me arrependo de enganar as pessoas. Elas pedem...elas pedem..."

domingo, 26 de setembro de 2010

Ela...parte II

Agora só resta dar uma passada na lanchonete da esquina, onde o amigo Márcio trabalha. Afinal, não tem mais nada o que fazer e depois, um café de graça agora viria a calhar.
Chegando a lanchonete,  que estava lotada de pessoas que provavelmente entraram ali para se livrar da forte chuva, se olhou de cima abaixo.  O grande relógio que fica acima do balcão marca sete e meia. Calamidade. Parecia mais um pinto molhado, um ser indígno de estar naquele lugar tão chique. Há algum tempo, um mês precisamente, quando tinha um emprego decente, era um frequentador assíduo daquele local. Tem a leve impressão de ser observado por todos, como se o tempo parasse e o único ser animado daquele local fosse ele. Passando por cima de tudo isso, resolve se sentar no único lugar vazio, uma mesinha de canto, no espaço dos fumantes. Márcio, percebendo a chegada do amigo, se direciona a sua mesa.
       - E ai brother!
       - Oi!  
       - Como você tá?
       - Molhado, com fome, sem chave, sem dinheiro, com ódio do mundo e sem nome até agora.
       - Sem nome?
       - É, sem nome. Quem escreveu minha história não me deu um nome até agora. Só lembrou de me ferrar!
       - É...acho que você ta mal mesmo né? Não lembra nem do próprio nome.
       - Não lembro, não. Não tenho!
       - Meu Deus meu brother!  Tu se chama Diego, lembra não? Tá piradão mesmo. Vou pegar um café para você, por minha conta.
Certo. Agora sabe que tem um nome, o que não é lá grande coisa neste momento. Olha pelo vidro embaçado da lanchonete. A chuva agora fraca, continua a cair e a molhar um casal de namorados que passa abraçado pela calçada do outro lado da rua. Como ele desejou que um carro em alta velocidade passasse e jogasse toda porcaria do mundo naqueles dois. Ou, sei lá, uma marquise poderia cair sobre eles. O  que estava fazendo? Desejando a infelicidade dos outros? Ninguém tem culpa por ele ser um frustrado azarento.
         -Seu café my brother!
         - Dá para parar com essa mania ridícula de falar inglês?
         - Excuse me mu brother. Tenho que praticar. Agora que começei a fazer curso de inglês é inevitável falar.
         - Que bom pra você que pode fazer um curso.
         - Você também poderia fazer se não tivesse largado tudo para investir naquela idéia maluca.
         - Não precisa me lembrar. Estou procurando emprego tá? Hoje mesmo tinha uma entrevista marcada, mas, como com certeza eu devo ter feito sexo na mesa da santa ceia em outras vidas, Deus resolveu mandar uma chuva e acabar com meu dia.
         - Você esta tão amargo my brother... olha, eu posso estar passando um currículo seu pro meu gerente.
         - Você não pode estar passando por que isso é gerúndio.
         - Quem?
         - Nada, esqueçe. Quer aprender inglês mas nem sabe o português...
         - Olha só my brother. Eu sei que seu  começo de dia pode ser uma merda, mas eu não tenho culpa.
         - É, é verdade...foi mal! Cara, é que eu tô com ódio do mundo sabe? Luz cortada, aluguel para pagar, quase sem grana...
        - Podia voltar para casa da sua mãe, mas não, não dá o braço a torcer né?
        - É, não dou. Pra casa dela não. Pelo menos ainda tenho minha dignidade. Apesar de precisar, não vou deixar meu curriculo aqui, e você sabe bem porquê.
        - Sei... ela aparece aqui quase todos os dias.
        - Eu sei. Eu sei. É po isso que faz um tempo que não apareço. Não quero ter o desprazer de cruzar com ela por aqui.
        - E também por que você não tem grana né? - rir- Foi mal, era só uma piada.
        - Quero que ela se dane. Ela pergunta por mim?
        - Não! Na verdade brother, não é querendo te deixar pior, mas, ela ta com outro cara.
        - Pois é... e depois ainda me dizia que seria praticamente impossível me esquecer. Com certeza ela deve tá com aquele cara que ela dizia ser apenas um amigo.
          - Eu acho que é ele sim.
         - Pois eu quero que se dane. Nunca mais quero ver essa mulher na minha frente.
         - Então acho melhor você fechar os olhos meu irmão. Ela ta vindo aí.


  

sábado, 25 de setembro de 2010

Till- a saga de um herói torto.


Expresso sobre Till.

               Há um mês, assisti na praça da República, em Brasília, a peça teatral, Till- a saga de um herói torto, do grupo de teatro Galpão, de BH.  Tive que assistir a peça também porque era para ser feito um relatório sobre preparação do ator, para a faculdade, mas claro, não só por isso. Por ser teatro, por ser Galpão e por ser de graça, rssss!
               Bem, quem sou eu para analisar minunciosamente um espetáculo do grupo Galpão. Não tenho propriedade para isso, nem diploma. Mas, dentro do meu uinverso de espectador, acho que posso expressar o que achei.
               A peça é muito dinâmica. Começa com a procura de uma alma, que está na platéia, e que depois revela se tratar de Till, vivido pela atriz Inês Peixoto. Para quem não a conheçe, ela viveu a personagem Edelweiss, na minisérie A Cura, da rede Globo. Por sinal, Inês é uma atriz perfeita, completa. Bem, voltando a peça, ela começa pela platéia, com a escolha dessa alma, e depois, o que se vê no palco, é uma série de cenas belas, com marcações bem definidas, efeitos especiais, personagens que parecem surgir do nada, grandes atuações, atores tocando instrumentos enquanto estão fora da cena e muito, muito teatro! É nessa hora que seu coração acelera e você percebe o quanto isso é belo, o quanto te toca e o quanto você sente que nasceu para viver aquilo. A peça é cortada em algumas cenas pela romaria de três cegos, o que dá a peça uma agilidade cômica impressionante.
                Castiçais acendem do nada, uma mulher dá a luz e de dentro dela salta a atriz Inês Peixoto. Em outra cena,  é simulada a queima de uma atriz no palco. E assim se dá a peça, nesses cortes entre a romaria dos cegos, as armações de Till para se dar bem e escapar dos seus perseguidores, encontro entre diabo e consciência, e um padre que mantém relações com a cozinheira. Bem, não vou me aprofundar muito na peça, para que quando você veja, não perca as surpresas, mas, posso adiantar que é surpreendente, mágica, e encantadora.
                 Parabéns ao grupo Galpão por toda competência e por levar as ruas um teatro de qualidade, com ótimos atores e grandes atuações. O teatro não pode morrer, não pode se perder dentro de tantas novidades como internet, cinema 3D e tudo mais. Tem que se fazer vivo, sempre. E o grupo Galpão é um exemplo de que o teatro está aí, firme, forte e belo, como sempre!

Evoé!

*expresse sua opinião sobre esse artigo.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Aharom Avelino - Muito além do arco-íris.


Expresso hoje minha profunda admiração pelo escritor, Aharom Avelino.
Aharom é uma pessoa única, dotada de uma sensibilidade, inteligência e criatividade ímpares. Quem já leu algum texto teatral,um conto, uma crônica ou uma sinopse de telenovela dele, certamente se pergunta: como uma pessoa desta ainda não está escrevendo para a tv? Como no mundo existem tantas pessoas sem o mínimo talento recebendo oportunidades enquanto existem pessoas tão capazes por aí ? Aharom certamente é uma delas. Sua maneira de escrever é formidável, capaz de fazer você ter mil interpretações para uma mesma históría, capaz de fazer com que você não queira chegar a última página, para não ter que terminar de ler.
Além destas qualidades literárias, Aharom é um grande defensor dos direitos homossexuais. Em um mundo onde vemos tantos homossexuais exibidos, mais interessados em aparecer, em  apenas"causar" , Aharom mostra através de suas atitudes ,que está muito além do arco-íris que cobre o mundo gay, que postura e ética é essencial para que você seja um grande profissional, independente de que bandeira você carregue. Muitas pessoas simplesmente banalizam os homossexuais. Acham que por terem uma personalidade que não é a imposta pela sociedade, não tem competência. Vejo isso todos os dias, em todos os lugares. Vejo colegas da faculdade não serem chamados para determinados personagens por que acham que não serão capazas de fazer algo diferente, apenas por terem trejeitos diferentes. Ou, em alguns casos, pessoas que precisam esconder sua maneira de ser para conseguir um emprego, pois não serão aceitos sendo como são. Claro que há os que realmente ridicularizam o fato de ser homossexual, transformando sua maneira de viver em um grande carnaval, querendo ser o centro das atenções e assim, implantando na cabeça da pessoas a falsa imagem do que é ser homossexual. Nisso, a mídia tem uma enorme responsabilidade, mas, isso é outro assunto.
Aharom para mim, é um exemplo de pessoa e de profissional. É uma pessoa capaz, que corre atrás das oportunidades, que se mostra,  não por trás da bandeira multicolorida, mas por trás da sua própria capacidade de criar e recriar.
Lembro-me quando começamos a ensaiar uma comédia escrita por ele, como fiquei encantado pela maneira como ele conduziu o texto, e pela veia cômica que tem.
Eu espero , sentado na primeira fila,  as cortinas do sucesso que irão se abrir para esse grande escritor, e aplaudirei de pé cada conquista sua. Espero que Aharom seja logo descoberto. Que a tv brasileira recupere o tempo perdido com tantos programas sem qualidade e tantos profissionais tão desqualificados, colocando em sua grade, esse grande roteirista que tem muito a mostrar e encantar telespectadores do mundo inteiro.

Sigam Aharom no blog: http://aharomavelino.blogspot.com/ e vejam que não estou mentindo!

Salve Aharom!!!

*expresse sua opinião sobre esta postagem.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Na vertical...

A realidade é muito chata. Prefiro viver a fantasia, o amor, a liberdade de ser, apenas ser. Ser livre, ser ator, ser humano. Linhas retas me levam sempre a um lugar comum e previsível. Bom, é andar na vertical, quebrar barreiras, experimentar...
Algumas pessoas vivem a vida sempre planejando o amanhã, como se ele existisse. O bom mesmo, é poder abrir os braços e deixar o vento te tocar, deixar o sol te banhar...não dá para saber se eles estarão aqui amanhã, e mesmo que estejam, não será o mesmo vento, o mesmo sol. O de hoje, é apenas o de hoje.
Bom mesmo é correr sem direção em meio a multidão. É cantar aleatóriamente, sem se importar com os curiosos que lhe julgam e lhe observam. Bom mesmo é por pra fora aquilo que lhe incomada. Dizer que ama, que não ama, que quer, que não quer.
É bom ter a segurança de dizer um não com a mesma facilidade que se diz sim! Mesmo que saiba que um não nunca é bem recebido, mas é um ato de coragem.
Viver a vida é um ato único. As pessoas não percebem que elas acordam dia após dia. Elas acordam como se isso fosse uma coisa super normal. Acordam, levantam, tomam banho, tomam café, saem, trabalham, vivem...e só!
Acordar todos os dias não é algo normal. Não em um mundo como o de hoje. Hoje em dia, acordar passa de tarefa a dádiva. Ah, como é bom acordar!!
Viver na vertical, ver o mundo de cabeça para baixo...experimentar todos os segundos que lhe fora reservado. Essa é a dica!

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Nada é como antes...

Hoje recebi uma mensagem que fez com que eu me fizesse uma pergunta? Pra quê serve um blog?
Acredito que primeiro, para fazer com que você se aperfeiçoe cada dia mais na escrita, crie sua própria identidade, tanto pessoal e profissional, quanto intelectual. Segundo, porque você pode escrever sobre suas experiências pessoais e as pessoas que gostam do seu estilo, podem, ou não, se indentificar, criando assim um ciclo de debates e discussões sobre assuntos comentados. Quando eu falo, experiências pessoais, falo de esperiências presentes, e não, passadas, pois, pelo menos para mim, o passado é passado, e nada mais é como antes. As emoções e pensamentos mudam constantemente.  No meu blog, escrevo sobre momentos que fazem parte do meu presente, não do meu passado. Acho que talvez isso não tenha ficado claro para alguns leitores, por isso estou explicando.
Escrever, não é para qualquer um, e através do meu blog, várias pessoas que apenas me conheciam superficialmente, poderam me conhecer mais, através dos meus artigos, dos meus textos teatrais etc...
Aqui, não falo mal de ninguém, não cito nomes, apenas, escrevo sobre observações cotidianas. Se algum leitor, de certa forma se identificar, bem... !
No mais, meu blog me deu grandes presentes: poder ser visitado e elogiado pelo escritor argentino Santiago Serrano, um mestre, alguem realmente grande, ser visitado pelos meus leitores do recanto da letras, que adoram a maneira que escrevo e com os quais fiz grandes contatos, além da contratação do meu trabalho como escritor para dois textos, um em Brasília e um em São Paulo.
Como já havia dito antes, escrever é para poucos. Qualquer um pode pegar um papel e fazer um rascunho, mas dificilmente, conseguem emocionar ou escrever algo de útil.
Sei que tenho leitores, inteligentes, que apreciam a pequena arte de escrever, e de ler. E me desculpe alguns, mas escrevo para gente inteligente, culta, que realmente sabe o que quer e o que pensa. Idiotas despreparados, sem cultura, sem ocupação , sem importância para o mundo e que nunca souberam o que é fazer algo de útil na vida além de ter inveja do talento alheio, não tem espaço aqui, e nem na minha vida. E quando passam por aqui, certamente é por acidente.
Agradeço a todos os leitores que me mandam e-mails diariamente me elogiando pelos textos e trabalhos.