sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Artigo de um escritor que não acredita na palavra amor. Por: Mr. Jones

* Mr. Jones é um personagem da peça Me and Mr. Jones. A partir de hoje, ele aparecerá por aqui para dar sua opinião ríspida sobre alguns assuntos.

Eu acho tão patético esse termo :“amor”. As pessoas usam isso de uma maneira tão ...descartável. Palavra patética. Não. Não me peça para lhe dizer: - Meu bem, vamos tomar um sorvete. Ou quem sabe: - Mô, quê que você sente por mim? Acho isso tão brega, tão cafona. Esses termos literalmente não servem para mim. Não me vejo dizendo isso em nenhuma hipótese. Não sou contra o amor não, como você já deve está pensando. É que vejo a vida por um ponto de vista mais prático. Pra quê dizer tudo isso se no futuro essas palavrinhas medíocres serão completamente banidas do seu vocabulário? Daqui a uns, sei lá, cinco anos, você mal vai olhar na cara da sua mulher. Seus filhos chatos estarão gritando na sala, vão bater um no outro e depois começar a chorar, enquanto você estará na cozinha tentando trocar o gás, a sua mulher gorda xinga que a panela tava pegando pressão e o feijão vai ficar duro. E então, você olha na cara dela e pensa nas palavrinhas lindas que ela dizia no começo e que hoje, foram substituídas por : Você não tem dinheiro para nada, as crianças precisam de roupa, eu não tenho tempo para arrumar minhas unhas, tô parecendo um monstro - e realmente está, mas você não fala isso para ela pra não piorar a situação- dentre outras coisas que não vale a pena registrar.


Eu sei, você vai ler esse artigo e vai dizer que eu não tenho sensibilidade e que sou pessimista. E sou mesmo. Ah... também, como não? Ora! Não fui criado para esse negócio de amor. Sou fruto da relação daquele casal frustrado do começo da história, que me criaram para ser capitalista, para trabalhar e casar, para viver como eles e ter os filhos que eles tiveram. E eu juro: tentei.

Conheci uma garota a uns dois anos atrás. Foi numa balada que fui meio à contra gosto com o pessoal da faculdade. Sabe, nunca gostei de balada, de agitação, acho isso tão medíocre. As pessoas vão para a balada para tentar arranjar alguém e saem de lá achando que encontraram a pessoa da sua vida. Mal sabem que essa é apenas mais uma balada e que depois virão outras, e outros. Bem, como dizia, conheci uma garota, Andrea. Achei ela bonita , gostosa... – é sempre tudo a mesma coisa- claro, como foi minha primeira vez numa balada, achei o que todos acham, que ela seria a mulher da minha vida. Mas nosso diálogo se restringiu a:

- Qual seu nome?

- Andrea.

- Você vem sempre aqui?

- Sempre!

- E você tem namorado?

- Vamos parar de conversa? Sou puta meu filho. Puta! E ai, vai ou não?

Não, não fui. Quer dizer, fui. Pra casa. Acho que a noite deu o que tinha que dar. No fundo eu queria ter ficado com a Andrea, mas estava duro. É.. eu estava duro e não fiquei com ela. Paciência.

Essa foi a minha última experiência em tentar amar uma mulher. Claro que houve as da infância, adolescência. Mas sempre uma frustração. Sempre fui o patinho feio sabe? Não que deixei de ser, mas hoje, estou mais pra ganso...

Sabe... eu decidi que não preciso de amor para viver. Preciso apenas de um papel e uma caneta, ou uma máquina. Quando quero sexo pago. Quando quero que alguém me escute, escrevo, e ta tudo bem. Sério. Eu sei que você deve estar pensando que eu sou um revoltado. Não sou não, juro. É que vivo na realidade. Existem duas pessoas em mim. A de fora, é essa que você acabara de conhecer. A de dentro, as pessoas só conhecem por pseudônimo. Muitas pessoas se apaixonam pelas minhas histórias e meus personagens e então, supõem que sou um romântico apaixonado. Mal sabe elas que escritores são assim, uma fusão de várias pessoas, vários sentimentos, gênios incompreendidos...

Mas ,continuo na minha teoria, que no fundo também é prática: Não acredito nesse negócio que os homens chamam de amor.

Bem, termino aqui. Tocaram a campanhia, deve ser a Andrea. É ela mesma. Volta e meia a gente se encontra para uma noite de...amor.

Mr. Jones

Um comentário:

  1. Sei que é um pseudônimo de um personagem, mas tem umas coisas que se encaixam na realidade.
    Fico vendo que amar é algo tão banalizado.... muitos acham que amam, mas só se apegam, outros acham que amam, e é só tesão...

    fazer o quê, neh?

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