quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Novelo.

Aqui estou eu, em pé, olhando o pôr do sol.


Pés na água. Água do mar.

Um passo para frente.

Imagens.

Queria pegar o novelo que se transformou a nossa vida e desenrolar.

Queria dar um ponta para você segurar,

eu, seguraria a outra.

Então, como num compasso bem marcado, começariamos a enrola-lo novamente.

Outro passo para frente.

Enrolaríamos até nos encontrar.

Nessa hora poderia tocar a música que fez parte da nossa vida.

Poderia também chover, chuva é sempre bom. E fazer frio, muito frio.

Faz frio agora. Mais um passo para frente.

Poderíamos nos abraçar. Ou nos estapiar.

Poderíamos falar das mágoas, relembrar os bons tempos.

Poderíamos nos beijar no fim.

Passo para frente.

Poderíamos sair, nos amar,

poderíamos nos despedir e nunca mais se ver.

Poderíamos sair e ficar juntos para sempre.

Um passo para frente.

Você me quer de volta?

Dois passos para frente.

Eu te quero de volta?

Três passos para frente.

Nos amamos ainda? Você me odeia? Você me ama? Eu te amo? Eu te odeio?

Um passo para trás.

Tenho coragem?

E as promessas? E os risos? E os momentos?

Tenho coragem. Dois passos para frente.

Água na cintura. Já posso me afogar? Deixa eu ver o pôr do sol primeiro.

Pensamentos, pensamentos, pensamentos.

Acabou o pôr do sol.

Pensamentos, lágrimas, risos.

Eis as estrelas, eis a lua enorme a surgir na minha frente.

Vou para ela.

Não dei nenhum passo. A água está quase no pescoço. Meu corpo balança com as ondas. Não sinto mais nada. Caimbra.

Quanto tempo passei aqui?

Quanto tempo esperei você aparecer e me pedir para desistir?

Meu corpo balança. A lua me chama. Espero mais um pouco?

Eu cedo.

O mar me leva.

Água, imagens, água, imagens.

O mar me leva, você não veio.

Eu flutuo. A lua se aproxima.

Quando quiser me ver de novo, puxe a linha do novelo.

Estou com uma ponta.

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