quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Ruas- Poetas esquecidos- Parte I


Prólogo:
Barulho de carros, sirenes. Vê-se em cena três personagens. Chico, Lua e Rosa. Vestem roupas coloridas e tem maquiagens borradas. Encostados nas paredes ou deitados no chão, mostram ar de cansaço. Devem segurar flores murchas, fantoche rasgado, descalços. Chico olha pro céu, Rosa pro chão e Lua para as flores.
         CHICO-        Fechou?
         LUA-           Desde que sentamos, cinco vezes.
         CHICO-        E vocês nem para levantar e ir.
ROSA-         Não sei se me falta coragem ou força. Talvez, fé. Estou cansada. Meu corpo pesa. E ele está tão leve... só tem alma.
         LUA-           Vai fechar. Alguém vai?
         CHICO-        Vai você agora. Eu e Rosa fomos os últimos a ir.
         LUA-           Minha esperança morre e nasce a cada três minutos.
         CHICO E ROSA-    Fechou!
Lua sai correndo, para em frente a platéia, observa. Levanta as flores com dificuldade.
LUA-           Flores colhidas do mais belo jardim. Presenteie sua mãe, namorada, noiva, mulher. Toda mulher adora receber flores. Quem não gosta não é? Quem não gosta de um carinho? De ganhar presentes? Quem não gosta?
Lua observa a platéia, vai mudando a feição. Com ar de tristeza, olha para as flores.
LUA-           Estão murchas. Não conseguiram resistir muito tempo. Não ha flor que fique viva por muito tempo sem que esteja plantada ou dentro de um copo d’água. As flores tem vida curta.
Ouve-se o barulho do sinal indicando que será fechado.
LUA-           Em qual jardim fui plantada até ser arrancada bruscamente pelo desejo de não mais ser flor, de não mais querer ficar presa em uma estufa vendo tempo passar? HÁ quanto tempo não sou mais regada...
Abre os braços.
         LUA-           As flores tem vida curta.
Lua deixa o corpo cair. Buzinas de carro. Chico e Rosa correm para retirar Lua do local onde está posicionada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário