Era noite e estava frio. E ainda assim, eu tive forças para me atirar naquele lago.
Eu não podia ver o fundo,a água não era límpida, mas mesmo assim eu fui. Me joguei.
Eu sabia que poderia me afogar mas a vontade de fazer algo diferente naquele dia pesado foi mais forte que eu. Não, eu não queria me matar. Muito pelo contrário. Queria que alguém me salvasse, você entende? Eu queria ser salvo. Eu queria que alguém, pelo menos uma vez me salvasse, me desse atenção. Eu sempre slavei tanta gente, eu sempre tive a palavra certa na hora certa... mas quando eu precisei falar, ningúem pode me ouvir.
A minha imaginação me fez acreditar que algo surreal pudesse acontecer. Que um anjo poderia me salvar ou que alguém ia ver eu me jogando e se jogaria para tentar me salvar. Então, eu me apaixonaria por aquela pessoa e nós seríamos felizes. Mas a minha imaginação me traiu mais uma vez.
Me lancei com toda a força que eu pudia. Eu não sabia que estava na parte mais rasa do lago e o que consegui com isso, foi uma fratura na perna esquerda. Depois de andar molhado pela estrada e ainda com uma perna fraturada, consegui uma carona que me levou ao hospital mais próximo.
Eu não queria me matar, apenas chamar atenção. Mas naquele dia eu morri mais uma vez. Mas uma vez minha imaginação me traiu e o que eu previa não me aconteceu. Mas uma vez eu não fui ouvido.
Mas, como a "razão tem razões que a própria razão desconheçe" - é isso mesmo? Não consigo lembrar dessas frases feitas - eis que me aparece o Doutor Marcus. Na verdade, enfermeiro Marcus. Mas pra mim, estando no hospital e vestindo branco, já pode ser chamado de Doutor.
*o livro sairá da gráfica dia 25 de Novembro e chega à Brasília em Dezembro. Conto com vocês.
Elmo Ferrér
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