terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Solto.



Era outono e eu, como sempre, me sentei no banco daquela praça. Como sempre fiz durante uma vida inteira.
Você me apareceu propondo uma aventura. Sair daquele lugar e voar com você de mãos dadas.
Eu hesitei, mas me entreguei. Segurei em sua mão e voei contigo o mais alto que pude.
Mesmo quando a altitude,que pra você era gostosa, começava a me incomodar, ainda assim, eu continuei indo cada vez mais alto.
A felicidade por estar voando de mãos dadas com você era maior que qualquer medo de altura. E aquele frio na barriga que eu senti, já não me era estranho.
Eis que quando muito alto estávamos, que quando a segurança que sentia se confrontava com o medo, você me solta.
Eu. Corpo a voar pelo espaço.
Eu. Lágrimas que caem em descompasso.
Eu. Corpo que cai e se desfaz, em mil pedaços.
Eu. Esperança perdida.
Eu. Não sei mais voar.
Meu corpo estendido e desfeito. Olhos ainda abrem a tempo de ver. Você.
Voando sozinho a me olhar com olhos de tristeza.
Eu não sou pássaro do seu bando.

Elmo Ferrér




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