Personagem- Elas sempre estão aqui. Sempre. Ainda não são capazes de perceber que podem escrever a própria história. Elas se vêem como eles a vêem. Na verdade, elas não se vêem. Nunca, jamais se vêem.
Musica. (água).
Mina- Naquele sonho, minhas lágrimas viravam um rio.
Naiá- E eu flutuava sobre a água.
Duas- E dançava sobre ela.
Musica- Atores entram com tecidos (rio) e se postam entre as atrizes, que levantam lentamente.movimento de banhar.
Mina- Nesse rio...
Naiá- Eu era rainha.
Duas- Rainha das águas.
Dança. Após a dança as duas caem de joelhos, ficam de quatro.
Mina- Ta vendo sua imagem na água.
Naiá- Ela dança.
Mina- Ela é solta.
Entra personagem.
Personagem- Como elas podem descobrir a beleza que tem dentro delas se a vida lhes fadou ao fato de serem apenas lavadeiras, esposas, donas de casa? A vida lhes fadou a tudo, menos ao direito de serem mulheres livres. Da opressão dos maridos, da escravidão cotidiana de serem apenas reles servidoras da sociedade.
As duas desconstroem o corpo e passam a posição de lavadeiras novamente.
Naiá- Você sonha toda noite?
Mina- De noite e de dia.
Personagens- Sonham a cada instante.
Um personagem faz um círculo com um giz em torno de Mina, enquanto faz outro em torno de Naiá.
Naiá- E se a gente largasse tudo?
Mina- E se a gente corresse pra bem longe daqui?
Personagens- fazendo outro círculo - E se vocês percebessem que são gente?
As duas pulam para outro círculo.
Mina- E se a gente desse um basta em tudo?
Naiá- E se a gente...
Ator- Vivesse...
Mina- E se a gente...
Ator- Sorrisse...
Naiá- E se a gente...
Ator- Amasse...
As atrizes vão falando a frase, pulando os círculos que os personagens vão fazendo, música. Ao fim, todos caem, as duas levantam e ficam em posição de lavadeira.
Duas- E se a gente...
Mina- Ta na hora de ir.
Naiá- Ele espera a janta na mesa quando chegar.
Mina- Ele espera a roupa lavada...
Naiá- Ele espera a mulher disposta.
Duas- A mulher que ele não olha.
Musica. Levantam. Colocam a trouxa na cabeça. Saem.
Fim.
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