segunda-feira, 25 de junho de 2012

Devo.

E mais uma vez eu vejo o sentimento ser ceifado. Sem dó nem piedade.
Como se ranca a folha de uma árvore. Como se ranca a folha de um caderno.
Como se ranca um coração?
Como se despreza o que se sente? E  o que se faz com o que sobra, o que fica, o concreto do líquido?
O que posso eu fazer?
Amanhã acordo às seis e a manhã será fria, como todas as outras...
Devo pegar toda essa lembrança e deixar na lixeira na frente de casa?
Devo pegar esta bacia de lágrimas e derramar na varanda?
Devo pegar o que você desprezou e que ainda está em mim e deixar que sai junto com a fumacinha que sai da boca pela manhã?
Devo o quê?
Devo acordar, tomar um banho, escovar os dentes e tomar um café bem quente e bem amargo.
Devo pegar um ônibus lotado, ouvir música e ficar alheio, pensando no que tenho... no que não tenho!
No que tenho do que é seu. Do que não tenho do que te dei.
Devo pensar e passar o dia pensando e quando tudo acabar, quando a hora chegar, devo pegar o ônibus de volta pra casa e devo tirar a roupa ao chegar, deixando-a espalhada pelo chão do quarto.
Devo tomar um banho e devo deixar as lágrimas escorrerem pelo ralo.
Devo me deitar e pensar e esperar  o sono chegar.
E devo acordar as seis no dia seguinte.
E devo fazer isso todos os dias até que a dor passe.
E se ela não passar?
Devo fazer tudo do mesmo jeito, pois a vida continua. Mesmo chata, ela continua!

Elmo.


Nenhum comentário:

Postar um comentário