Pelas ruas molhadas da pequena cidade,
O poeta passava só.
Caminhava em passos lentos
Imaginava a vida ( poetas não pensam).
Olhou para o céu cinza
Para muitos parecia triste
Para ele não existe tristeza
Tudo conspira para se criar um poema.
Do seu lado direito, a vida
Do esquerdo, a morte
Na frente a ilusão.
E atrás, seus papéis sendo devorados
Por pobres humanos
Tentando se encontrar.
Da borboleta negra que passou, fez um poema.
Da coruja que piou, fez um poema.
Da poça d’água que pisou, também.
O poeta não pensa no passado,
Escreve.
Faz com que os outros pensem no presente
Através do seu passado impresso.
Da menina com a mãe, fez um poema
Do rapaz com a namorada, fez um poema
Do cachorro que latia, também.
O poeta bateu a minha porta
Esta aqui agora.
Eu queria pergunta-lo sobre seus poemas
Não posso.
Quando o leitor não entende o que o autor quis dizer,
Um dos dois é burro.
Daquele momento, fez um poema.
Do meu ar de alegria, fez um poema.
Deste poema, também.
E tudo ficou numa reticência.
[...]
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