sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Para o mestre Mário Quintana

Pelas ruas molhadas da pequena cidade,

O poeta passava só.

Caminhava em passos lentos

Imaginava a vida ( poetas não pensam).

Olhou para o céu cinza

Para muitos parecia triste

Para ele não existe tristeza

Tudo conspira para se criar um poema.

Do seu lado direito, a vida

Do esquerdo, a morte

Na frente a ilusão.

E atrás, seus papéis sendo devorados

Por pobres humanos

Tentando se encontrar.

Da borboleta negra que passou, fez um poema.

Da coruja que piou, fez um poema.

Da poça d’água que pisou, também.

O poeta não pensa no passado,

Escreve.

Faz com que os outros pensem no presente

Através do seu passado impresso.

Da menina com a mãe, fez um poema

Do rapaz com a namorada, fez um poema

Do cachorro que latia, também.

O poeta bateu a minha porta

Esta aqui agora.

Eu queria pergunta-lo sobre seus poemas

Não posso.

Quando o leitor não entende o que o autor quis dizer,

Um dos dois é burro.

Daquele momento, fez um poema.

Do meu ar de alegria, fez um poema.

Deste poema, também.

E tudo ficou numa reticência.

[...]

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