quarta-feira, 14 de março de 2012

Tolo paciente.


Lágrimas nos olhos. Ele espera que o amor venha novamente.
Espera sentado, em um banco de praça. Em uma fria manhã de Dezembro.
(...)
Quando as feridas estavam quase cicatrizadas, ele as mostrou. Sabia que não podia tirar o curativo, mas acreditou nas palavras do curandeiro que prometeu: iria cuidar das feridas. Em pouco tempo, seu coração estaria novo, pronto para amar novamente.
Balela. Curandeiro, coração, tudo uma farsa.
Coração ainda estava com feridas abertas. Curandeiro, com feridas passadas.
Feridas passadas que procurou passar. Uma maneira de aliviar, de transmitir, de pagar o mal com o mal.
Mais uma vez,  o tolo paciente acreditou e deu seu coração a sacrifício.
Pagou pra ver e mais uma vez... sofreu por amor.
O diagnóstico do cardiologista foi preciso. Era preciso arranca-lo e deixa-lo numa caixa com gelo por algum tempo, até que pudesse realmente se recompor.
E agora? O tolo paciente viveria sem coração por um bom tempo? E os amores próximos? Como amar sem coração?
Passou a amar com o cérebro. Passou a amar com a razão. A razão que fez com que amasse não amando. Com que quisesse e não querendo querer. Que se desse pela metade, sem esperanças, sem expectativas.
Um dia, o coração sairá da caixa de gelo, para voltar ao tolo paciente e para reaprender a bater dentro de um corpo. Até que venham as próximas feridas!

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